O que é esse tal de IFA (Impacto Fêmoro-acetabular)?

O impacto fêmoro-acetabular (IFA) é caracterizado por alterações na anatomia da cabeça e colo do fêmur e do acetábulo (local onde o fêmur encaixa na bacia) que podem causar lesão no labrum acetabular. O lábio acetabular é um prolongamento da cartilagem do acetábulo, auxiliando na estabilidade da articulação. A lesão desta área pode evoluir para um quadro degenerativo e artrose do quadril.
 

Sobre o impacto fêmoro-acetabular (IFA)

O quadril é a articulação entre o fêmur e o acetábulo, como se fosse uma bola em um soquete. A cabeça do fêmur deve ser totalmente esférica para uma articulação perfeita com o acetábulo que também deve ser esférico e congruente à cabeça. Em determinados movimentos do quadril, o colo do fémur pode entrar em contato ao acetábulo de forma anormal, devido a uma deformidade da cabeça do fêmur ou do próprio acetábulo. Isto é denominado impacto fêmoro acetabular

Quando a deformidade é resultado de alteração na anatomia da cabeça femoral ela é chamada tipo CAME. Quando ocorre no encaixe do quadril (acetábulo) é chamada tipo PINCER. Frequentemente existe uma associação dos dois tipos.

O nome “impacto” pode gerar confusão. O termo original é impingement que pode ser compreendido como atrito ou pressão entre estruturas ósseas, tendinosas e cartilaginosas. Portanto não necessariamente atividades de impacto como corridas e esportes de salto estão envolvidos. Atividades esportivas com movimento rotacional do quadril como futebol, tênis, artes márcias (taekwondo), golfe, yoga, ballet, musculação estão mais associadas ao IFA.

 

Sintomas

Os pacientes geralmente se queixam de dor na virilha após ficar muito tempo sentados, dirigir, entrar ou sair do carro, praticar esportes ou atividades que levem a uma flexão do quadril exagerada. A dor é localizada na região anterior do quadril, muitas vezes não sendo palpável e relatada como uma dor interna ou profunda. Porém pode também ser irradiada para região lateral ou posterior do quadril, no glúteo.  Muitos pacientes se queixam da “falta de alongamento”, quando, na verdade, possuem um bloqueio da articulação pela deformidade óssea.

O início pode ser gradual ou associado a um episódio agudo de dor. A dor em geral é maior durante a atividade física, movimentos repetitivos ou por longos períodos em posições sentadas. A pubalgia pode estar associada a IFA e alterações articulares do quadril.

Existe uma estimativa de que 0,6% da população tenha dor na articulação no quadril, e desses, 20% correspondam ao diagnóstico de IFA.

 

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico e por exames de imagens (radiografias e ressonância magnética). O exame físico é parte importante para o diagnóstico, pois nem todo paciente com deformidades morfológicas o tipo CAME, PINCER ou Mistos são sintomáticos, devendo ser investigado outras causas das dores no quadril.

É extremamente importante a Radiografia da Pelve (Bacia) e da articulação coxo femoral. Em alguns casos a Tomografia Axial Computadorizada e ou a Ressonância Nuclear Magnética podem ser solicitadas.

A presença de alterações da forma do quadril em exames de imagem de pacientes assintomáticos varia de 7 a 23%, portanto existe a necessidade de exame clínico por um especialista pois um paciente pode ter a forma alterada e não necessariamente ter dor.

 

Tratamento

O tratamento clínico na maior parte das vezes é indicado inicialmente. O uso de anti-inflamatórios em períodos de crise, repouso, mudança de hábitos de vida e gestos esportivos. A fisioterapia é parte do tratamento, porém não devemos trabalhar com ganho de amplitude de movimento, visto que a perda de mobilidade é devido a um bloqueio ósseo do quadril, tentativas de ganho de amplitude podem lesionar ainda mais o labrum acetabular. O foco da fisioterapia é fortalecimento e estabilização da pelve.

Na falha do tratamento clínico, ou em casos que a deformidade óssea é importante, o tratamento cirúrgico é indicado. A cirurgia indicada é a vídeo-artroscopia do quadril – uma cirurgia minimamente invasiva realizada com mini acessos de pele. Isso permite uma recuperação rápida e pouco dolorosa. Nesse procedimento as deformidades ósseas são corrigidas e a lesão labial são desbridadas ou reparadas.

É muito importante lembrar que o IFA é o precursor da artrose do quadril portanto o tratamento deve ser precoce para diminuir os riscos de lesões de cartilagem, pois a degeneração da cartilagem articular é irreversível e a evolução para um quadro de artrose e somente uma questão de tempo.

 

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Dr. Márcio Pozzi

Ortopedista e Traumatologista Especialista em Cirurgia do Quadril (CRM: 18670).

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